quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Passeio


59.
Com luz de noite.
Na beirada da consciência.
A tristeza tem outra voz.
Rouca, sussurrada.
Sem mais palavras pra mais silêncio.
Corto as ruas que me partem em partes.
Largo um pensamento em cada esquina.
Faço a curva da minha identidade.
Mapeio meu momento.
Encontro caminhos tortos e atos falhos.
Reduzo a velocidade pra me acompanhar.
Me situo num ponto para me perder de outra maneira.
Traço a rota pra me desviar.
Escolho os passos mas me surpreendo a cada passeio.


Léo Ribeiro, 25 de Setembro de 2008

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quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Luzes da cidade


2.
Tenho sempre a clara impressão de que quando olho para as luzes da cidade, elas me olham de volta, piscam pra mim. Em cada ponto uma eminente história ou particularidade. Seja o ponto uma janela, uma placa ou mesmo uma antena tão alta e tão perdida. Se a cidade me pisca (ou pesca) como posso deixar de ouvir seu chamado de silêncio? Entre cada ponto tenho a certeza de existir alguém. Tenho a certeza de que algo acontece. De que algo está sendo pensado ou sentido. Eu sinto. Minha cabeça balança pra frente pelo peso que o apelo da cidade tem. Eu pisco pra cidade à noite. Pisco pra agradecer o convite e pra ela saber que sou cúmplice de tudo que ela oferece. Dentro de cada luz e entre cada piscar.


Léo Ribeiro

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